O Dom Na Televisão

O III Seminário Interno da Linha de Investigação “Media, Tecnologia, Contextos” realizou-se na Universidade Católica Portuguesa no passado dia 16 de Abril e contou com a apresentação do tema “O Dom na Televisão”, investigação desenvolvida pelo professor Eduardo Cintra Torres. Seguem-se algumas considerações que foram apresentadas neste seminário acerca da televisão e a dádiva que transmite.

A televisão reproduz e transforma a sociedade, é uma porta de acesso para as relações sociais devido à sua informalidade e ao seu realismo de conteúdos. O dom (ou dádiva) em televisão, permite também criar e desenvolver laços sociais com a audiência. Este dom pode surgir em vários formatos: os concursos de sorte ou azar como a “Roda da Sorte”, ou programas como “Extreme Make Over Home Edition”, que dão aos participantes algo de que necessitam, seja dinheiro ou uma casa. O acto de dar não contém em si uma obrigação, “eu dou sem exigir nada em troca”, no entanto, tais programas recebem audiência por parte dos seus telespectadores, sendo esta a dádiva oferecida à televisão.

Estes programas televisivos, segundo Eduardo Cintra Torres, vêm também substituir o que o Estado não pode providenciar às famílias mais carenciadas, ou pessoas que têm algum tipo de problema financeiro e, por vezes, também físico. Programas como: “Dr. White – O caminho Para a Felicidade”, e talk-shows como “Você na Tv”, “actuam onde o estado não pode actuar”, diz Cintra Torres, respondendo aos pedidos dos telespectadores, tentando dar-lhes algo que não tem possibilidades para alcançar. Para tal, este tipo de programas conta com marcas e empresas que contribuem para a transmissão da dádiva aos indivíduos, no entanto, trocam “a doação por tempo comercial”.

Os intervenientes que tornam esta dádiva possível são: o Doador, as marcas e as empresas que disponibilizam os produtos; o Donatário, individuo, família ou Organização Não Governamental que beneficiam da dádiva; o Requerente, quem pede ajuda; a Audiência, que vê os conteúdos televisivos e a Televisão, instrumento que sem o qual não poderia ser possível transmitir o dom. Em conclusão, o dom na televisão enriquece o seu conteúdo, mas também humaniza a esfera do mercado e substitui, de certo modo, a insuficiência serviço social.

                

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